Descobrir a Beira Baixa: Roteiro de 3 dias

Localizada no centro de Portugal, a Beira Baixa, como muitas outras regiões de Portugal, está cheia de maravilhas, mas o que a maioria das pessoas não sabe é que ela guarda uma enorme beleza natural, ainda preservada após séculos de mudanças, uma história única, uma gastronomia rica e pessoas genuínas que recebem os visitantes de braços abertos; e estas são apenas algumas das coisas que se pode esperar quando se visita a Beira Baixa. Não importa quantas vezes se volte, regressamos a casa sempre com o coração cheio e o estômago feliz, porque esta é uma região com tanto para oferecer a quem a visita, que por ela se apaixona.

Foram já inúmeras as vezes que percorremos estes caminhos e naturalmente, sendo o Luis de Castelo Branco, esta é uma região que há muito nos roubou o coração. Se pensas em visitar a Beira Baixa, deves saber que vais poder passear por aldeias históricas, onde o tempo parece não passar, perder-te por trilhos de paisagens surpreendentes ou mergulhar nas frescas águas das praias fluviais. Há de tudo para todos, por isso é uma região perfeita tanto para famílias como para casais.

A Beira Baixa é um território vasto, composto actualmente pelos concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão. Pode ser visitada em qualquer altura do ano pois todas as estações lhe conferem uma beleza única, mas se queres desfrutar ao máximo, e pela nossa experiência, aconselhamos os meses de Primavera e Outono que proporcionam temperaturas mais amenas. No entanto, se o que queres é mergulhar nas imensas praias fluviais da região, então o Verão deve ser claramente a tua escolha, mas atenção que os Verões são extremamente quentes por aqui e as horas de maior calor devem ser evitadas. Já o Inverno trará dias mais curtos e frios, mas haverá sempre uma lareira acesa, uma refeição quente e uma conversa amena regada por um bom vinho para te aquecer.

Roteiro de 3 dias na Beira Baixa

Queres então saber o que visitar na Beira Baixa e obter o melhor que a região tem para oferecer? Este itinerário que preparámos é perfeito para uma escapadinha de 3 dias, mas facilmente se transformam em 4 ou 5, até porque são necessários muitos mais dias para conhecer bem toda a região.  Por isso faz as malas, e descobre o que faz da Beira Baixa um lugar tão especial!

Dia 1 – De Idanha-a-Velha a Monfortinho

O primeiro dia deste nosso roteiro leva-nos às mais belas aldeias do concelho de Idanha-a-Nova, num percurso pela história milenar da região e pelas lendas e tradições das suas gentes.

Aproveitando o fresco da manhã começamos pela milenar aldeia de Idanha-a-Velha. Cheia de charme e encanto, passear nas suas ruas é como passear num autêntico museu a céu aberto. No entanto, a sua importância está muito para além da sua inquestionável beleza, e é a sua história longínqua, maior que a do nosso Portugal, que a faz ser ponto de paragem obrigatória a todos os que visitam a Beira Baixa.

Seguimos depois para a mais famosa aldeia do concelho. Estamos, claro, a falar de Monsanto, conhecida como a “aldeia mais portuguesa de Portugal”. A melhor forma de a conhecer é deambular pelas suas ruelas, descobrindo casas que fundem nas rochas graníticas  e subindo ao castelo com as melhores vistas da região. Não deixes de visitar também a capela de São Pedro de Vir-a-Corça, rodeada de um imenso arvoredo, um lugar absolutamente mágico, onde o silêncio e a tranquilidade imperam

Não tão famosa como as duas aldeias anteriores, pertencentes à rede de Aldeias Históricas de Portugal, mas igualmente imperdível, é a aldeia de Penha Garcia, lar de muitos vestígios romanos e pré-históricos. Aqui encontramos casas típicas e ruelas sinuosas que nos levam ao cimo do castelo de onde podemos usufruir da vista privilegiada sobre o profundo vale do Ponsul. Descendo em direção ao rio, vamos percorrendo a Rota dos Fosseis onde encontramos inúmeros vestígios do que era a vida aqui há 480 milhões de anos, quando estas cristas quartzíticas eram um imenso mar repleto de vida, e que deram origem à criação do Geopark Naturtejo, o primeiro em Portugal da rede Mundial de Geoparques da UNESCO. Para terminar, nada como um mergulho nas frescas águas da Praia Fluvial do Pego.

Situada junto à fronteira com Espanha, às margens do rio Erges, deixámos para último a pequena aldeia de Monfortinho, mais conhecida pela estância termal com o mesmo nome. Uma caminhada pelas margens do rio ou relaxar nas Termas com as suas águas de capacidades regenerativas e curativas, são alguma das opções para um final de tarde perfeito.

Onde Comer

Onde dormir

Dia 2 – Castelo Branco

Este será um dia inteiramente reservado à cidade de Castelo Branco, capital de distrito e sede de concelho, tantas vezes deixada de fora num roteiro pela Beira Baixa. Por esse motivo quisemos mostrar-te que afinal há atrações suficientes para um dia cheio.

Começamos o dia pelo Castelo dos Templários e pelo Miradouro de Gens, onde nos deliciamos com as melhores vistas da cidade. Descemos em direção à zona antiga da cidade situada na colina do castelo para observar os portados quinhentistas, as antigas judiarias, a Torre do Relógio e a Praça Velha, assim como um mural dedicado à cidade.

Tempo ainda para visitar o Museu Cargaleiro, onde vamos conhecer as obras do mestre Manuel Cargaleiro, assim como alguma peças de cerâmica da sua colecção pessoal. Incontornável é também o Centro de Interpretação do Bordado, que nos leva pela história e técnica desta arte cuja tradição está enraizada nesta cidade.

Depois do almoço vamos até ao Jardim do Paço Episcopal, o ex-libris da cidade. O Jardim, construído no século XVIII está inserido no Paço, que serviu, na época, de residência permanente de vários bispos da Guarda e de Castelo Branco. Hoje é um jardim aberto a todos e um dos exemplares barrocos mais bonitos do nosso país.

Logo ali ao lado, instalado no edifício do antigo Paço, encontramos o Museu Francisco Tavares Proença Júnior, um museu de arte com achados arqueológicos, tapeçarias do século XVI e arte primitiva portuguesa.

Para terminar o dia, nada como um passeio no recém inaugurado Parque do Barrocal, um dos maiores espaços verdes da cidade. Integrado nos territórios classificados do Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO e da Reserva da Biosfera Transfronteiriça do Tejo Internacional, são 40 hectares de uma enorme riqueza de elementos geológicos, arqueológicos e naturais. A sua paisagem granítica, feita de rochas com mais de 300 milhões de anos, é possível de observar a partir dos vários miradouros estrategicamente colocados ao longo do percurso delineado.

Onde Comer

  • Restaurante Palitão (Castelo Branco)
  • Restaurante Tabuas.come (Castelo Branco)

Onde dormir

Dia 3 – De Vila Velha de Rodão a Proença-a-Nova

Este terceiro dia do nosso roteiro começa em Vila Velha de Rodão, mais propriamente no cais com o mesmo nome, local de onde partem os barcos que te levam a conhecer de perto um dos mais belos monumentos naturais do nosso país, as Portas de Rodão. Esta imponente garganta escavada pelo rio Tejo, para além da sua beleza incontornável, é também local privilegiado de observação de inúmeras espécies de aves, entre elas a maior colónia de grifos do nosso país. A Vila Portuguesa organiza os passeios de barco, onde também é possível degustar vários produtos regionais, entre eles as maravilhosas conservas de peixe do rio da conserveira Bem Amanhado. Só te podemos dizer que são maravilhosas, experimenta que vais gostar!

Depois do maravilhoso passeio de barco, seguimos em direcção à Serra das Talhadas. Mas antes, ainda demos um pulinho à Aldeia de Xisto da Foz do Cobrão, umas das mais bonitas da região, e à sua lindíssima praia fluvial, a praia Penedo dos Cágados. Nós podemos ser suspeitos, mas esta aldeia e esta praia são das nossas preferidas, imperdíveis numa quente tarde de Verão.

Continuámos então para a Serra das Talhadas, para conhecer a Torre de Vigia de Siza Vieira de onde podemos ter uma vista de 360º sobre o todo o concelho de Proença-a-Nova e seus vizinhos. O local conta também com a maior Via ferrata de Portugal, vários trilhos pedestres e uma placa para a prática de parapente.

Num dia quente, as praias fluviais da região convidam a banhos, por isso a Praia Fluvial da Fróia é de certeza uma boa escolha para uma tarde em família. Conhecida pelas suas águas cristalinas e de excelente qualidade, tem sido galardoada pela Quercus como Praia Qualidade de Ouro, já para não falar na beleza da sua envolvente paisagística. Uma outra opção, não muito longe, poderá ser a Praia Fluvial do Alvito da Beira também com excelentes condições para nadar, relaxar e descansar.

Este nosso roteiro termina com uma visita à aldeia da Figueira, uma das mais típicas aldeias de Xisto da Beira Baixa. A Figueira é uma aldeia que conserva ainda ainda muito da sua cultura tradicional. As suas ruas são estreitas e sinuosas, e as casas alinham-se formando uma espécie de fortaleza. Nas entradas as cancelas fechavam-se durante a noite para proteger a população dos ataques dos lobos que frequentemente eram avistados por perto em procura de alimento. Hoje já não há lobos mas as cancelas permanecem lembrando a união comunitária característica destas gentes. Aqui o tempo passa devagar, os animais circulam livres pelas ruelas e o forno comunitário, que ainda hoje é utilizado, guarda o aroma do pão acabado de fazer.

Não podemos deixar a Figueira sem saborear as iguarias tradicionais beirãs na Casa da Ti Augusta. O restaurante fica numa das casas recuperadas no centro da aldeia. No piso térreo tem uma loja e um bar com produtos locais. No piso de cima, a sala do restaurante decorada com recordações de família e da aldeia. Especialidades como o maranho, o plangaio ou o afogado da boda, assim como o cabrito assado, a tigelada e o pão caseiro, confecionados no forno a lenha da aldeia, são algumas das propostas da Ti Augusta que pretende desta forma preservar os sabores da região e as tradições da Figueira.

Onde comer 

Onde dormir

Terminamos assim este nosso Roteiro de 3 dias pela Beira Baixa, que, como já dissemos, caso tenham mais disponibilidade, é possível de alongar a outros concelhos da região e também de organizar da forma que te for mais conveniente.

Se tiveres outros locais que gostarias de partilhar connosco, deixa-nos as tuas dicas nos comentários.

Nota: Roteiro realizado a convite da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa

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